3° GRUPAMENTO DE BUSCA E SALVAMENTO

3º Grupamento de Busca e Salvamento, primeiro grupamento especializado na prevenção e salvamento marítimo, conforme decreto nº24572 de 27 de dezembro de 1985.

Assimilado de outros países, o serviço na orla das praias, tal qual se conhece hoje, tem suas origens no Serviço de Salvamento Marítimo do Rio de Janeiro, criado em 1º de maio de 1917, pelo Prefeito do então Distrito Federal, na jovem República.
No Estado de São Paulo, cabe aos santistas o pioneirismo pelo primeiro serviço de salvamento marítimo. Em 14 de dezembro de 1921, o Corpo de Bombeiros de Santos (criado em 20 de fevereiro de 1890), através do relatório anual de seu comandante, o Capitão José Martiniano de Carvalho, propunha à Camara Municipal a criação de um posto marítimo, nos moldes dos que se instalavam nas praias do Rio de Janeiro. É esta data que consideramos a certidão de nascimento do Salvamar Paulista. Ainda como curiosidade, lembramos que o primeiro navio de combate a incêndio, incorporado em 1992, e que recebeu a denominação de Governador Fleury, teve cogitado o batismo como Comandante Martiniano, em homenagem a esse pioneiro. 
Voltando a proposta do Capitão Martiniano de Carvalho à Câmara de Santos, sua moção foi aceita e o primeiro posto foi erguido na Praia do José Menino, próximo a Ilha Urubuqueçaba, já no ano de 1922. 

Na medida em que a cidade cresceu, novos postos de salvamento foram sendo construídos nos anos subseqüentes, do José Menino ao Boqueirão. A denominação que se dava a esses homens, na época, eram de bombeiros nadadores e remadores. Diferente de outros estados brasileiros, o serviço paulista de proteção a banhistas comprovadamente tem o DNA do Corpo de Bombeiros, visto que foi dentro da instituição que ele nasceu. 

O primeiro herói do salvamento marítimo que faleceu no cumprimento do dever foi o bombeiro nº 64, Constantino Corrêa. Em 14 de julho de 1930, quando tentava salvar um náufrago nas proximidades da Ilha Urubuqueçaba, o bombeiro Constantino foi tragado pelo mar e pereceu afogado. Seu corpo foi encontrado quatro dias depois numa praia em São Vicente. 

Com o fim da 2º Guerra Mundial e do Governo de Getúlio Vargas em 1945, novos ares varriam o Brasil. No Estado de São Paulo a época de transformação também chegou aos serviços municipais de bombeiros. Em 04 de fevereiro de 1947 o efetivo do Corpo Municipal de Santos foi incorporado pela Força Pública do Estado de São Paulo, com a denominação de 6º Companhia do Corpo de Bombeiros. 
O efetivo na época contava com 177 homens e era comandado pelo Capitão da Força Pública Armínio de Melo Gaia Filho, que se tornou um personagem importante da história do salvamento do Corpo de Bombeiros. Quando o oficial foi movimentado para a Capital, levou consigo a experiência do que se fazia no litoral, o que somado às idéias de outros oficiais contribuíram muito para a criação da Seção de Salvamento da Cidade de São Paulo. Com base nestes dados históricos e na cronologia oficial da criação dos serviços, o Coronel PM Nelson Francisco Duarte já afirmava em 1987,  que era possível afirmar que em termos de Serviço de Busca e Salvamento (em terra ou no mar), institucionalmente, foi criada em Santos a "pioneira" quando a partir de 1921 criou o SERVIÇO DE SALVAMENTO MARÍTIMO, primeiro "embrião" de salvamento, no litoral paulista.
De volta ao final da década de 40, encontramos outro personagem que teve oportunidade de nos legar seu testemunho da época: Estevan Torok. Ouvido pelo Coronel PM Jairo de Almeida Lima em 1984, Torok relatou que foi Comandante do Posto de Salvamento nº 1, Praia do José Menino, e era encarregado da instrução da tropa. Quando de sua chegada, Torok se deparou com bombeiros armados de mosquetão para dar segurança a cada posto existente, numa filosofia de emprego aquém das exigências de um serviço de salvamento. Após as primeiras instruções específicas de salvamento, ficaram no serviço de praia apenas onze homens, dos quais apenas três pertenciam ao antigo Corpo Municipal de Bombeiros. Estevan Torok afirmou textualmente que, na realidade, a finalidade do pessoal do município era mais resgatar cadáveres que chegavam às praias, do que fazer a prevenção e salvar vidas no mar. 
A década de 50 passaria sem muito destaque, não fosse o recebimento em 14 de novembro de 1959 de dez lanchas destinadas ao Serviço de Salvamento e a construção da Garagem Náutica em Guarujá, local onde hoje está edificada a sede do 17º Grupamento de Bombeiros. Tal investimento por parte do Governador Jânio Quadros foi uma evolução muito grande, já que o serviço iniciou a década contando apenas com dois barcos a remo, tipo sandolin. 
Na década de 60 o serviço de salvamento de praia se expandiu para as cidades de São Vicente e Guarujá. Com a expansão urbana e ocupação da orla da praia, Santos construiu o sexto Posto de Salvamento, entre os canais 5 e 6, no hoje denominado Bairro Aparecida. Ao longo dos anos, de acordo com as reestruturações que a Força Pública implementava, o Corpo de Bombeiros do litoral foi recebendo novas denominações, mas nunca deixou de prestar o serviço de salvamento de praia. Em 1947, a 6ª Companhia do Corpo de Bombeiros se transformou em 1ª Companhia Independente de Bombeiros. Em 1962, a 1ª Companhia Independente de Bombeiros se transformou em 1º Grupamento de Bombeiros. Na década de 70, já sob a bandeira da Polícia Militar a Unidade recebeu ainda as denominações de 1º Batalhão de Bombeiros e 6º Grupamento de Incêndio.

Ainda na década de 70, o Corpo de Bombeiros herdou o patrimônio da extinta Polícia Marítima, cuja sede, na Avenida Conselheiro Nébias, Vila Nova, em Santos-SP, tornou-se Seção de Manutenção Terrestre. Essa edificação abriga hoje a sede do 6º Grupamento de Bombeiros.

Após os grandes incêndios ocorridos na Capital, o Estado de São Paulo promulga a Lei nº684 de 30 de setembro de 1975, que estabelece os parâmetros para celebração de convênio com os municípios para a instalação de serviços de bombeiros. Em 1976 o serviço de salvamento de praia foi implantado na Praia Grande, com a incorporação do efetivo de salva-vidas municipais pela Polícia Militar. 

Depreende-se a importância do serviço de proteção a banhistas executado pelo Corpo de Bombeiros no litoral paulista, devido a influência econômica do turismo praiano, quando se constata que o serviço de salvamento aquático sempre vinha em primeiro lugar, só se instalando serviços de combate a incêndio muitos anos depois, como Guarujá em 1975, São Vicente em 1976, Praia Grande em 1991, culminando com municípios que só instalaram Postos de Incêndio no século XXI, como Itanhaém em 2004, Peruíbe em 2006 e Bertioga em 2007.

Na década de 80, a Seção de Salvamento de Praia se desvincula do 6º Grupamento de Incêndio. Acompanhando a tendência de especialização que ocorria na Capital Paulista, foi criado o 3º Grupamento de Busca e Salvamento em 27 de dezembro de 1985, cujo citado Oficial foi designado seu primeiro comandante. O 3º GBS, hoje denominado 17º Grupamento de Bombeiros, foi o primeiro e permanece como o único grupamento marítimo paulista. 
Ao longo dos anos, face ao aumento da freqüência nas praias, houve uma tendência mundial em sedestinar profissionais treinados na arte de prevenir e salvar vidas humanas naspraias marítimas e também lacustres. A estes profissionais damos o nome de "Guarda-Vidas" e a eles rendemos esta homenagem, a todos os bombeiros guarda-vidas que muito contribuíram para que o serviço de prevenção e salvamento aquático nas praias paulistas seja reconhecido como exemplo para os demais serviços do Brasil. E o melhor presente que se pode conferir é a lembrança desses pioneiros e a divulgação de seu legado as gerações futuras.

Pesquisador: Sgt Eduardo Marques de Magalhães               

Comentários